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A usina de Belo Monte contabilizou um vertimento turbinável (VT) médio de 2 GW de janeiro a abril de 2025, alcançando o maior volume (2,68 GW) em março, informou a diretora de Regulação e Comercialização da Norte Energia, Sílvia Cabral, na primeira trilha de Mercado da tarde quarta-feira, 11 de junho, do Enase 2025.

Conhecido como curtailment das hidrelétricas, o fenômeno refere-se à energia elétrica que poderia ser gerada, mas que não é produzida porque a água que a pelas turbinas não é utilizada para gerar eletricidade, seja por desequilíbrio entre oferta e demanda ou por falta de flexibilidade na rede.

Em resposta ao CanalEnergia, a concessionária da usina confirmou que a média do VT verificada em todo ano ado foi de 0,27 GW. Durante o período úmido, quando há mais disponibilidade de água para geração de energia, esse número foi de 0,54 GW no ano ado. Vale ressaltar que a disponibilidade hídrica em 2024 foi significativamente menor que a verificada em outros anos, devido ao El Niño.

Sílvia Cabral destacou o atual momento como crucial para as UHEs, que tem gerado menos energia enquanto fornece mais serviços ao sistema, como de flexibilidade operativa. “Precisamos ter esses atributos valorados tanto pelo equilíbrio das usinas quanto em ter novos investimentos para ampliação da matriz renovável”, pondera, ressaltando que Belo Monte chega a contribuir com uma rampa de 3 GW nos horários de pico de demanda do sistema elétrico.

A executiva diz enxergar algum tipo de avanço nas discussões e com uma nota técnica de Empresa de Pesquisa Energética (EPE) analisando os recursos e requisitos de flexibilidade, e que a própria MP 1300 traz essa possibilidade de discussão a partir da equalização de custos e equilíbrio do setor. Entre outros pontos, ressalta a necessidade de superar a questão reputacional envolvendo o tema do licenciamento ambiental, que é fruto de uma visão antiga e desinformada.

“Existem os royalties, compensações e o desenvolvimento das regiões, trazendo maior resiliência às populações que não são atendidas pelo estado de forma ampla”, considera.

A presidente da Associação Brasileira de PCH e CGH (ABRAPCH), Alessandra Torres, pontua a correta valoração dos atributos das fontes renováveis, em especial a hídrica, como uma questão de justiça para todo setor, que tem nessas usinas a espinha dorsal que representa a segurança energética. “É a rampa mais rápida durante um apagão, além de fazer do Brasil um dos protagonistas na transição energética mundial”, lembra, rogando pela defesa de todo sistema elétrico em sair de um projeto de governo para um projeto de país, pensando no longo prazo.

Alessandra comenta ainda ser inconcebível que uma termelétrica consiga ar pelo processo de licenciamento ambiental em seis meses enquanto uma UHE demora às vezes mais de dez anos, ponderando que o leilão de capacidade (LRCAP) que não deve acontecer mais nesse ano teve muitas inscrições de UTEs por conta desse fator. “Temos números e argumentos a favor. Sazonalidades são da natureza, e impacto todas as fontes têm, tudo tem impacto”, analisa, ressaltando que a fonte também pode ajudar a evitar impactos de eventos extremos, através do armazenamento e liberação controlada de água.

debateu complementariedade estratégica das fontes e desafios operacionais como cortes de geração e variabilidade das tecnologias (Tulio Thomé)

Entre mais destaques, a líder da ABRAPCH indica que a solução do curtailment pode ar também pela expansão de mais hidrelétricas com reservatórios na base para compensação, sendo preciso que o planejamento do setor também pense nas UHEs reversíveis. E que apesar do leilão A-5 previsto para o segundo semestre trazer uma leve esperança, ainda há entraves de licenciamento ambiental, e com o ONS retirando 1,5 GW de pontos de conexão. Fora a baixa demanda das distribuidoras.

Também convidada para o no Enase, a diretora de Assuntos Técnico-Regulatórios da Absolar, Talita Porto, salienta a garantia da infraestrutura da transmissão como ponto fundamental para ampliar as possibilidades das fontes renováveis que sofrem com os cortes de geração. Ela saúda a inauguração de Sistemas de Proteção Especial (SEPs) que podem ampliar o escoamento, assim como a solução de flexibilização dos critérios operativos debatidos no CMSE, e que podem significar uma expansão de 1,8 GW da capacidade de transporte na rede.

“Os projetos em operação estão postergando o retorno aos acionistas, colocando um ponto de atenção no setor”, acrescenta a executivo, referindo-se aos efeitos do curtailment sobre projetos solares e eólicos, como também confirmaram os executivos da Enel em um evento de inauguração oficial do parque Pedra Pintada (BA), nesse caso numa média de cinco anos.

Talita também ressalta ser necessário um marco regulatório para o armazenamento como medida que pode garantir a inserção das renováveis e diminuir a geração frustrada, indicando que diversas emendas na MP 1300 apontam para a criação da figura do armazenador como um agente central nesse processo. “Essa MP foi um presente para um setor que buscava isso há 20 anos, e tenho convicção de que a abertura integral ao mercado será bem-feita até agosto de 2026”, conclui.

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